Dormindo pouco – como me sinto melhor.
Viciada em comprar algodão em rolo.
Fazendo bolinhas com as mãos.
E o mundo gira, gira, gira, gira.
Aqui dentro, músicas de todos os tempos.
Manhattans, Áfricas e Casablanca. Ad Dār al Bayḍā.
Um ritual sufi na Via Láctea.
Deus é amoroso.
Mas faltou trazer meu negroni.
Quero aquele gole que o velho uruguaio me ofereceu em Punta.
Desci da bicicleta motorizada. Olhei para a cor de laranja e ele, elegante e desafiador, ofereceu.
Bebi sob o sol de 21h.
O bar aplaudiu e a bicicletinha me levou longe e rápido.
Sem saber se venta ou faz calor.
Sem querer saber.
E eis que um fiapinho de luz entrou.
Revelou os dedos do pé direito.
Sumiu o frio, pensei em Havanas, Jardins Botânicos, janeiros em São Paulo.
Comecei a contar.
Um, dois, três, quatro, cinco.
Cinco dedos, cindo dias, cinco noites, cinco semanas, cinco – tantas coisas.
Cantar – eu sou multicoisas.
Saí de mim e fui viajar.
Deu vontade de nadar.
E as árvores balançavam forte – eu vi.
Como um furação no Caribe.
Cabe uma árvore dentro do apartamento?
Só a de 30 milhões de anos, Pinus succinites.
Calorzinho bom.
Musiquinha caipira.
Drink dos anos 20.
Cheiro de limão capeta.
Uma tarde de âmbar.