
Foto: Helmut Newton
Se você é bom conhecedor do português, saiba que camicaze pode ser com s ou com z.
E diz o meu braço esquerdo, o Houaiss, que a palavra é um adjetivo e substantivo de dois gêneros. Uma derivação por analogia a traduz como que ou aquele que se arrisca muito ao agir, especialmente ao buscar determinado objetivo. Ou então pode ser um suicida em potencial; que ou quem ignora a própria segurança ou bem-estar.
Esse blog nasceu com esse espírito. Exatamente assim. A minha cara – de pau. Ainda mais numa época em que empresas demitem porque fulano escreveu mal do trabalho no facebook, o blog então é quase uma carta de demissão – ou alforria.
No meu trabalho atual, passei por uma montanha russa. Em exatos seis meses vi a cobra fumar, beber e até dar uma puladinha para fora da cerca. E olha que cobra pular é coisa complicada.
Hoje, num café da manhã festivo, trocando idéia com gente muito mais vivida que eu – que sempre fui meio errante -, cheguei à conclusão que não vivi nada de diferente do que todo mundo nessa jornada corporativa. Ser funcionário hoje é uma grande aventura. Vide Sadia e Perdigão, Lehman Brothers, AIG, Arapuã (que virou loja de roupas) e até o atacadão do Abdala (que vendia roupa na bacia em frente à rodoviária de Belo Horizonte).
Num dos meus trabalhos, para não fugir do estereótipo, temos uma tirana na cadeira central. Meu braço esquerdo me cutuca e manda logo a explicação: governo legítimo, mas injusto e cruel. Ingratidão, opressão, violência. Eu, depois de muita porrada, aprendi a lidar. Não ouço. Deixo a cobra fumar, pular, gritar e o escambau. Depois falo ok, batata frita. E mando minha nota fiscal cobrando pelos serviços.
Meu inglês macarrônico aprendi em anos de Cultura Inglesa e meses numa cidade com o singelo nome de Farnham. (Farnham is a town in Surrey, England, within the Borough of Waverley. The town is situated some 42 miles (67 km) southwest of London in the extreme west of Surrey, adjacent to the border with Hampshire.) E foi com esse inglês de padaria da esquina que me tornei editora de notícias internacionais na Globo. Tsunami, Guerra do Iraque, mundo bizarro, fofocas. Foi com ele que divulguei aqui o que rola fora daqui. Com ele, quanta audácia, virei tradutora num festival internacional de dança. E acompanhei um grupo austríaco até no workshop para bailarinos experientes. Imagina traduzir Slowly move the hips, make it under the calf, fall means a slight movement up and jump forward. Tudo isso por 150 pratas num longinquo 1996.
Todo dia treino meu inglês no Twitter. E erro um bocado. Mas acho legal, é como fazer exercícios depois de meses parada. É uma (fisio)terapia.
Mas, no mundo da moda, a porrada é mais embaixo. Escrevi um CONFORT assim, errado. A fralda Pumpers tem uma linha confort (também escrito errado). O famoso Bebê Conforto é produzido pela Confort Babe, uma marca vendida no Magazine Luiza. A Philco tem uma chapinha confort de cerâmica. E, na França, confort é a uva que ajudou a fazer a fama dos vinhos da Califórnia, a Chenin Blac. Pois dei o título Confort para um de meus textos – leia direito: meu texto, de minha autoria, um editorial. Meu e assinado por mim. O texto passou pelo checador. Passou batido e foi assim, singelo, publicado errado. Um editorial, na minha opinião desbocada, é um texto meio viado, cheio de achismos, muito afetado, para explicar o tom da publicação. É um frufru danado – que muita gente gosta de ler. Então, tendo em vista o tom, o confort no lugar do COMFORT passaria batido – afinal, vale tudo: de chapinha da Philco à uva para vinho branco. Mas não passou. Tomei um esporro daqueles. Afinal, escrevo muito repetitivo, erro o português, maltrato a velha papisa da moda (quando não faço bajulação e nem dou atendimento especial), carrego nas tintas, sou o cocô do cavalo do ladrão que roubou uma soda limonada.
Na minha ficha policial de costumes, irritei muito três pessoas:

Bitoca na Martha Stewart
1) Carlos (Cacá) de Souza que, no blog engraçadíssimo, o do Márcio.G, é assim descrito:
Cacá de Souza deu entrevista para Lilian Pace, no “GNT Fashion”, contando como conheceu Valentino. Ele, Cacá, tinha 18 anos. “E viramos grandes amigos”, diz. Conto mais, não foi simples assim: Cacá, à época, talvez estivesse no trono do homem mais bonito do Brasil. Era dono de um corpo de enlouquecer homens e mulheres. Sem dúvidas. E você sabe como é o comportamento de uma biba rica, trilionária, quando se depara com um bofiscândalo, principalmente brasileiro. A hoje tiona, que também era bem bonita, ficou louca, com razão, e ofereceu o mundo ao bofe, carregando-o para a Europa, abrindo todas as portas e passarelas. Fez do Cacá seu homem de confiança, administrador de sua agenda pessoal, assessor de imprensa e…marido!, claro, um assunto sobre o qual ninguém ousa dissertar, neste mundinho hipócrita da “alta” sociedade…
Tudo isso, para voltar ao meu título do post.
Eu sou camicaze mesmo. Sempre fui. Se cismo com um assunto, evito a briga a todo custo, mas se entro na briga… Ai ai ai… Chata mas com estilo!