
Demora um tempo para você andar sem ter olhos nas costas.
Para não desconfiar de coisas mínimas.
O velho hábito de sair só com um cartão de crédito e o celular – um documento em cópia xerox.
O pagamento de tudo, até do pão, em prestações.
O contar moedas.
O ajudar empregada – e muitas vezes ser considerada A culpada.
Num ato kamikaze você decreta o basta.
Foge.
Passa a deixar a porta da sala aberta, algumas vezes, a da garagem, a da sala, e as bicicletas ali, sem cadeado.
Vai mergulhar e nem olha para canga, celular, livro.
Mala aberta em quarto de hotel.
Resolve comprar algo e não levou a carteira.
Aplicativo, QR code…
Envelope com dinheiro para emergência.
Havaiana.
Barriga.
Toda aquela tensão, aquele viver, evapora.
Você lê menos.
Perde a vontade de saber das últimas…
Não discute.
Aprende a pedir a pizza no mesmo lugar.
Não reclama que cada disquinho custe quase 70 reais.
No seu dinheiro, agora, é 20.
20 parece justo.
Não existe inflação.
Mas promoção para quem comprar mais unidades.
Indução de fidelidade.
Existe o flanar.
E a pandemia.
Você continua de portas abertas.
Faz pão.
Bebe para matar a ressaca.
Costura máscaras.
Doa.
Volta a escrever – desta vez, joga tudo no vácuo.
Ouve jazz.
E eis que o Brasil aparece com o pacote completo.
Fraude, subterfúgio, tergiversação.
Ameaça vaga.
Cano.
Mandrake.
Prejuízo.
Cumpadrio.
Toma lá, dá cá.
Mais uma contrato de aluguel.